Como essa crise afetara o minimalismo?
Precisamos gastar menos “não é quanto você ganha, mas quanto você gasta?”
Estamos vivendo um período da história em que gastar conscientemente e viver com menos do que você ganha se tornou primordial.
Aqui na Europa, o governo está contraindo uma dívida interna enorme para ajudar os pequenos empresários e a população desfavorecida e ainda assim não será suficiente.
No Brasil a situação é ainda mais difícil, o país estava saindo de uma crise e o governo não tem condição financeiras de fazer o mesmo que os países mais ricos.
Para vencermos essa crise sanitária e econômica, precisamos trabalhar juntos. Cada um precisa fazer sua parte. Primeiro sendo honesto. Não tente tirar proveito da situação, beneficie-se da ajuda do governo corretamente.
Não gaste desnecessariamente. É preciso economizar e viver com menos. Se você inda não tem uma poupança de segurança, isso deve ser prioridade. Construa uma, renegocie dívidas e empréstimos. Muitas pessoas estão perdendo o emprego. Agora é hora de fazer economia de guerra.
O minimalismo é muito contra essa forma de consumo louco que estávamos vivendo até essa crise chegar. Pense no que realmente importante para você. Afinal, como tudo está fechado, será que ter uma roupa nova para ir à balada agora faz sentido? Será que ter um carro novo faz sentido? O que realmente faz você feliz? Esse momento tão difícil pode nos ajudar a olhar para nós e nos ajudar a nos encontrar.
Quando eu encontrei as coisas que realmente me faziam feliz, ficou muito mais fácil viver com menos. Eu parei de ver o ato de não comprar como uma privação, mas como uma escolha dentro dos meus valores e propósito de vida.
Ficar em casa, mais tempo em família e o momento de ver o que realmente precisamos
Fique em casa o máximo que você puder. A vida moderna nos incentivou muito a viver muito mais fora de casa. Os shoppings centers climatizados e muito bem decorados são muito atrativos. Assim como a de facilidade de viajar, sair para jantar, cinema e outra atividades das cidades modernas que estão sempre nos incentivando a sair de casa .
Eu mesma tinha escolhido viver em um apartamento bem pequeno de 38 metros quadrados para viver no centro de Paris e aproveitar o máximo da cidade. E toda essa epidemia está me ajudando a reencontrar a felicidade de ficar em casa e fazer coisas simples como cozinhar, pintar e escutar música. Todos sabem que eu adoro ir aos cafés para ler. Durante o confinamento, eu aprendi a gostar de ler na minha casa com um bolo que eu fiz e um café que eu fiz.
O ato de ficar em casa é um ato de amor a você e ao próximo. O vírus não tem pernas, ele precisa do nosso corpo para se movimentar. Então saia o mínimo que você puder. Essa é a única forma de vencermos essa epidemia até que uma vacina esteja disponível no mercado.
O minimalista fala muito de viver com o essencial para ter tempo de viver intensamente momentos especiais com pessoas especiais. Esse tem sido o maior ensinamento para mim nesse período de confinamento. Reinventar a forma que se vive com a minha família, exercitar todos os dias a paciência, a tolerância e, principalmente, o respeito. Tudo isso para que minha família “mais íntima” não se destrua nesse momento que estamos todos mais sensíveis. Agradeço todos os dias por ter conhecido o minimalismo antes do confinamento e ter trazido para minha vida valores voltados para o ser e não para o ter.
Se você ainda não levou esses valores do minimalismo para a sua vida, eles podem sim lhe ajudar a ser mais tolerante com você e com as pessoas que estão mais próximas de você. Nunca é tarde para começar.
Um momento de paz e estar com você mesmo, sem distração.
A correria do dia a dia, mas nossa capacidade de criar boas desculpas para não olharmos para nós mesmo, para a verdadeira Marila, para a minha essencial a verdadeira pessoa que sou. Plantão incentivava muito seus discípulos a tírarem momentos de solidão para pensar nas sua ideias. Estamos tendo esse tempo.
Às vezes eu me surpreendo utilizando a minha inteligência para criar a melhor desculpa do mundo para justificar algo. E aí eu me pergunto: por que estou fazendo isso?. Deveria usar minha inteligência para criar uma solução. Acho que deve ser da nossa natureza fugir do perigo, afinal aprendemos a fugir do leão.
Mas, nessa quarentena, eu desejei muitos momentos sozinhas, cansada de estar sempre com alguém colado em mim. E, quando eu saí para caminhar no silêncio da cidade vazia, eu consegui refletir sobre a minha essência.
No minimalismo precisamos descobrir nossa essência, esse é o primeiro passo. Isso é fundamental. A essência é a nossa bússola. Ela guiará nossas escolhas de compra e outras decisões na vida.
Aproveite esse tempo de medo, insegurança e incertezas para encontrar sua essência. Aproveite esse momento que você é obrigado a ficar na sua casa e olhe para tudo que você tem dentro da sua casa. Você comprou isso para você ou para receber pessoas, para afirmar sua riqueza? O que esses objetos lhe trazem? Utilidade, paz, alegria ou só trabalho para limpar e cuidar? A sua essência está escrita em cada objeto da sua casa e em você.
Os princípios do minimalismo podem ser a chave para passar por essa crise.
Nós estamos vivendo duas crises: uma sanitária e uma econômica. As pessoas, para salvar vidas, precisam ficar em casa.
Logo, o comércio não vende, o dinheiro não gira e uma crise se cria. Empresas estão falidas e pessoas desempregadas.
A forma como estávamos consumindo é impossível de continuar. A poluição, o consumo exagerado de recursos naturais, o aquecimento global e todos problemas que sabemos. São urgentes e precisamos olhar para isso.
O que me ajudou a me tornar minimalista foram duas coisas: o conhecimento para me desenvolver como pessoa e parar de comprar por um ano. Não foi fácil, mas essa quebra me ajudou a encontrar a minha essência e, principalmente, a encontrar lazer sem gastar.
Eu acredito que, se você quiser mudar porque todo esse problema do mundo lhe tocou, você deve continuar a buscar conhecimento sobre minimalismo e, principalmente, sobre espiritualidade. Eu gosto muito do minimalismo japonês. O minimalismo existe na cultura japonesa há séculos. Quem nunca assistiu a um filme sobre o Japão e observou que a decoração da casa era quase vazia? O que eu mais amo nesse minimalismo é a espiritualidade. Ikigia nos ajudar a termos claro nossa missão de vida e wabi-sabe mostra que podemos encontrar beleza em coisas que não estão em um estado perfeito, são formas de encontra a sua essência, o seu eu e a sua espiritualidade. Somente depois disso, transferir o que descobriu para as suas escolhas.
Nesse momento o mundo precisa disso, de espiritualidade. Não tem nada a ver com religião, você pode ser cristão, evangélico, protestante etc. e decidir não comprar uma poltrona nova porque seu filho estragou brincando de carrinho, simplesmente porque essa mancha ou marca tem a história de um momento.
O minimalismo pode sim ajudar a humanidade a ser menos consumista, mais espiritualizada e essencialista.